Por que ainda somos amadores na nossa maneira de liderar?

ARIOSTO FABIANO DE MORAES • abr. 05, 2023

Por que ainda somos amadores na nossa maneira de liderar?

por: Ariosto Fabiano de Moraes

Nunca se falou tanto sobre a necessidade e a importância da liderança em uma empresa, organização ou mesmo nos governos, como está acontecendo na atualidade. Infelizmente o que existe entre o maravilhoso e inflamado discurso e a sua colocação na prática é um misto de desconhecimento, despreparo, intolerância, prepotência e às vezes até desumanidade.


Relacionei quatro pontos de extrema importância que afetam e influenciam direta ou indiretamente na qualidade do trabalho das pessoas que exercem cargos de chefia ou liderança. Considero estes temas muito mal trabalhados nas organizações como um todo, uma vez que deveriam merecer uma atenção e uma reflexão especial dos responsáveis pelo desenvolvimento desses profissionais.


Primeiro: Promoção para cargos de Liderança


Há décadas, os profissionais são simplesmente jogados nessa função pela sua capacidade técnica, e, como conseqüência, não são preparados para exercê-la administrativamente. A maioria dos dirigentes e profissionais, ainda acreditam que ser um bom operacional ou um bom técnico já é qualificação suficiente para exercer um cargo de gestão. Palavras como aprendizado, formação ou reciclagem profissional são diretamente relacionadas a simples teorias administrativas ou a investimentos caros ou desnecessários. E o que é pior: uma parte significativa desses dirigentes ainda acreditam que a ignorância é altamente lucrativa. Argumentos e discursos como: “Os funcionários têm que dar o seu sangue pela empresa”, “todos devem vestir a camisa da empresa”, “aqui somos uma família”, “aqui você tem que deixar seus problemas do lado de fora da porta” ou ainda “um líder já nasce pronto”, demonstram a inocência, o desconhecimento e o quanto são despreparados para administrar uma organização.

 O grande problema dos nossos líderes e gestores é a dificuldade de compreender o que significa “operacionalizar” e o que significa “administrar”.


Segundo: A visão de Aprendizado dos profissionais


Outro problema sério que encontramos junto aos nossos profissionais na área da gestão é com relação a seu próprio desenvolvimento profissional e pessoal. Nesses 31 anos dando aulas de formação para gestores e líderes, encontramos ainda muita resistência nas participações de eventos. Segue abaixo alguns motivos:


a. Hoje, tudo o que se ensina é classificado pela maioria dos nossos alunos como “teoria”. Infelizmente, não sabem que a teoria que deveriam aprender é a prática das maiores e melhores empresas do mundo inteiro. Nas melhores universidades do mundo, o estudo científico da administração se dá há várias décadas e é considerado um fator fundamental para a manutenção, desenvolvimento, sobrevivência e expansão de qualquer empresa. Infelizmente, o que é colocado em prática no mundo inteiro é considerado pelos nossos “alunos e profissionais que se consideram mestres” como simplesmente uma teoria.  “Eu já sei tudo”; “isto eu já sabia”; “isto é óbvio” ou “sempre se aprende alguma coisa”, são as frases prediletas emitidas em todas as áreas de ensino.


b. Achar que somente a informação já é suficiente para a realização. Lêem alguma coisa, normalmente por RESUMOS, e se acham doutores nos assuntos. Lembro a estes que: informação e nada é a mesma coisa, pois a informação só é útil quando transformada em conhecimento e conhecimento só é válido quando transformado em ação.


c. A maioria das pessoas querem aprender, mas não suportam serem ensinadas. Preferem aprender por conta própria ou pelo tempo. Aprender por conta própria é realmente interessante, mas será que é válido ficar perdendo tempo com coisas que os outros já conhecem há muito tempo? Com relação a aprender com o tempo também é interessante, pois dizem que o tempo é o melhor de todos os mestres, só que as pessoas esquecem que infelizmente ele termina matando todos os seus discípulos.


d. “Não tem algo mais novo ou avançado?”, "O que estamos vendo é básico demais", "Para mim não serve, mas para meus subordinados com certeza". São as frases máximas daqueles que participam das aulas ou treinamentos e que, em vez de se preocuparem em avaliar o que sabem e o que não sabem, se preocupam somente em pavonear-se. Não sabem colocar em prática nem o básico, mas querem e exigem aprender o avançado.


Terceiro: A eterna discussão: Treinamento X Resultados


Ainda encontramos profissionais em cargos de chefia ou liderança e, “acreditem”, até na própria área de recursos humanos que se posicionam negativamente em relação a treinamentos e seus resultados. O que devemos lembrar é que este tipo de posicionamento ou questionamento, quando levantado sem conhecimento, sem estudo ou sem fundamento algum (infelizmente é 98% destes casos), acabam causando um desserviço a sua própria organização, pois pessoas que exercem cargos de responsabilidade devem entender que quando emitem uma frase positiva ou negativa, ambas trazem consequências que infelizmente às vezes não temos nem como medir e muito menos como gerenciar.

Este tipo de opinião, quando emitida aos demais colaboradores, causa um desconforto, sim, e normalmente acaba desestimulando as pessoas que estão passando pelo processo de formação ou treinamento e às vezes anula todo um trabalho sério desenvolvido para a capacitação de seus profissionais. Veja algumas frases que temos de ouvir:


a. “Não acredito que treinamento possa melhorar a capacidade de nossos profissionais”.

b. “Não nos interessa dar informações ou conhecimentos a nossos líderes. Isso faz com que se tornem revoltados e comecem a exigir alguma coisa”.

c. “Além de caro não consigo medir os resultados dos treinamentos”.

d. “Vou avaliar o conteúdo programático deste curso”.

e. “Nós diretores e gerentes é que treinamos o nosso quadro funcional”.

f. “Aqui não precisamos de treinamento. Nossa empresa não tem problema algum”.

g. “Não vou incomodar meus diretores ou gerentes com assuntos sem importância”.

h. “Não vamos repassar estes cursos aos demais colaboradores da empresa, porque o RH não identificou esta necessidade”.


Quarto: As maiores dificuldades para se treinar gestores


Em sua grande maioria, as empresas atribuem que os problemas causados na sua organização são de responsabilidade dos colaboradores e esquecem que estes mesmos colaboradores estão sobre responsabilidade e autoridade de algum líder ou gestor. Então, quem realmente deve ser o culpado? Quando se trata de gestores dificilmente as empresas assumem que a responsabilidade é de quem administra e gerencia.  Assim, vivem treinando quem não tem poder e nem autoridade para mudar alguma coisa e ficam fazendo vistas grossas a quem deveriam ser realmente desenvolvidos. Observem as maiores desculpas levantadas por nós nesses anos de trabalho:


1.     As empresas acham que quem atingiu um cargo de gestor, não precisa ser treinado.

2.     Os gestores têm medo ou vergonha de participar.

3.     Achar que participar de treinamento é castigo.

4.     Achar que não precisa, pois já sabem tudo.

5.     Não participam de treinamentos, pois não pode sair do setor ou da empresa.

6.     Acreditam que cursos não trazem resultados.

7.     Participam não para aprender, mas sim para avaliar o instrutor.


E para concluir, só como informação: 86% dos problemas de uma empresa, são de responsabilidade dos gestores.



por: Ariosto Fabiano de Moraes

Este material poderá ser copiado e distribuído livremente, porém solicitamos que NÃO esqueçam de mencionar os créditos ao autor.


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